segunda-feira, 1 de junho de 2009

Carta de Florianópolis - Sustentar 2009

Veja abaixo a Carta de Florianópolis, divulgada no final do Sustentar 2009. A Carta permanecerá neste blog para consulta pública e estará aberta a sugestões dos participantes do evento nos próximos 10 dias:

Florianópolis, 29 de maio de 2009

Nós, pesquisadores, professores, estudantes, agricultores, empresários, dirigentes públicos, militantes ambientais e sociais, reunidos nos dias 27, 28 e 29 de maio de 2009, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, como participantes do SUSTENTAR 2009 – II Fórum sobre energias renováveis e consumo responsável - queremos manifestar:

1. As conseqüências das mudanças climáticas já não são problemas do futuro, mas do presente e suas causas estão diretamente ligadas ao modelo de desenvolvimento dominante no Brasil, na América Latina e no mundo pelo menos nos últimos séculos;
2. A matriz energética baseada em matéria prima fóssil é desastrosa para o conjunto do ecossistema, por isso defendemos uma estratégia imediata e sustentável para substituir a atual matriz energética por matérias-primas renováveis;
3. Além da substituição da matriz energética, defendemos que é fundamental a mudança do atual modelo de desenvolvimento por um novo modelo descentralizado, baseado nas potencialidades locais e integrado territorialmente em diferentes escalas, combinando a produção de energias, de alimentos, de geração de emprego; a distribuição de renda e dos benefícios da produção; e, fundamentalmente, o equilíbrio com a natureza;
4. Para alcançar esse objetivo, é necessário mobilizar os setores políticos e sociais eticamente comprometidos com um novo modelo de produção da qualidade de vida atual e com a vida das gerações futuras, promovendo uma mudança de comportamento individual e coletivo;

Nesse sentido, o SUSTENTAR 2009 enfocou os temas: matriz energética brasileira; mudanças climáticas; marco regulatório sobre energias renováveis; experiências de energias renováveis como a eólica, a solar, PCHs e biomassa (no Brasil, Portugal, Alemanha, Holanda e África); energia e alimentos; consumo responsável; e modelo energético e ambiental catarinense.

Enquanto participantes deste Fórum, manifestamos opinião contrária e repudiamos o conteúdo do Código Ambiental aprovado pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina, e lamentamos a posição de Santa Catarina como segundo colocado em desmatamento de Mata Atlântica do Brasil.
Sem minimizar a responsabilidade do Brasil em contribuir frente à crise ambiental e social, questionamos a postura dos países desenvolvidos, grandes responsáveis e beneficiados pelo modelo atual; portanto, principais responsáveis pela busca de alternativas.
Manifestamos também nossa insatisfação com as metas tímidas do Ministério de Minas e Energias em relação à substituição da matriz energética brasileira.

A partir do SUSTENTAR 2008, foi possível observarmos a ampliação e os avanços das experiências aqui apresentadas, e nos comprometermos com os seguintes encaminhamentos:

1. Publicar os resultados deste II Fórum de Energias Renováveis e Consumo Responsável, a fim de socializar os debates, os desafios e as angústias com o maior número possível de pessoas;
2. Incentivar outros eventos sobre o tema, em fóruns locais e universidades, ampliando o debate e a consciência da necessidade de mudanças de comportamento individual e de mudanças políticas e estruturais;
3. Articular parcerias para buscar viabilizar iniciativas que servem de experiências alternativas para um novo modelo de desenvolvimento;
4. Lutar pela aprovação de Projeto de Lei que visa a inclusão da educação ambiental no currículo do ensino fundamental e básico;
5. Lutar pela aprovação de Projeto de Lei que regulamente a geração distribuída de energias alternativas, complementares ao sistema atual;
6. Consolidar o Fórum Sustentar a partir das entidades parceiras atuais, agregando outras entidades e realizando organização permanente;
7. Realizar o SUSTENTAR 2010 e consolidá-lo como um evento permanente da Assembléia Legislativa de Santa Catarina, juntamente com as entidades promotoras;
8. Incluir apresentações culturais na abertura e durante a programação do SUSTENTAR 2010.

Sustentar 2009 reúne mais de 600 pessoas em Florianópolis











A segunda edição do Sustentar – Fórum sobre Energias Renováveis e Consumo Responsável – encerrou na última sexta-feira, em Florianópolis, depois de três dias de palestras e discussões e mais de 600 participantes de todo o estado. O evento idealizado e coordenado pelo deputado estadual Pedro Uczai (PT) reuniu especialistas do Brasil, Portugal e Alemanha para debater como a produção de energias renováveis e novos padrões de consumo podem ser decisivos para a sustentabilidade do Planeta.

Em sua fala para o público que lotou o Auditório da Assembleia Legislativa, Uczai disse que em um estado como Santa Catarina, onde em uma região a população sofre com a seca e em outra é atingida por enchentes, é “inevitavelmente necessário” discutir mudanças climáticas. Porém, Uczai acredita que o grande diferencial do Sustentar é o debate unificado em torno de três temas: as energias renováveis, a produção de alimentos e as mudanças climáticas. “Não há como abordar estas questões de forma fragmentada, porque a relação entre elas é indissociável. Acho que essa concepção foi decisiva para o sucesso do evento e por fazer do parlamento catarinense o maior espaço dessa discussão”, destacou o deputado.

Uczai também chamou atenção para a importância de novos padrões de consumo de energia e de alimento para a sustentabilidade do Planeta, e defendeu a criação de um novo marco regulatório para estimular a produção de energias renováveis no Brasil. “Precisamos dar esta resposta urgente e necessária, porque não se trata mais de discutir o futuro, mas o presente”, alertou Uczai.

Uma novidade do evento este ano foi a transmissão das palestras pela TVAL e pela Internet, no site da Assembleia Legislativa e da Unisul Virtual. Pessoas de vários locais do Brasil e até mesmo de outros países puderam ter acesso aos debates sem sair de casa. “Meus colegas assistiram à minha palestra e me ligaram para pedir informações sobre outras experiências que foram apresentadas”, disse o português Antonio Martins, que esteve no evento apresentando informações sobre a maior central fotovoltaica do mundo, em Portugal.
Além disso, o blog http://www.sustentar2009.blogspot.com/ recebeu comentários dos internautas durante as palestras, e a partir desta semana apresenta textos e fotos do evento. A Carta de Florianópolis, documento contendo posições e proposições do Sustentar 2009 a partir dos debates realizados, também será postada esta semana no blog para consulta pública dos participantes antes de ser finalizada.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sustentar 2009 encerra com painel sobre política ambiental e energética





























Depois de três dias de debates que trataram da sustentabilidade, o último painel do Sustentar 2009, realizado na tarde de hoje (29), abordou o tema “Política Ambiental e Energética Catarinense”. Na mesa, as palestras foram apresentadas pelo presidente do Instituto Ideal, Mauro Passos, pelo professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC, Paulo Belli Filho, e pela representante da Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí e secretária do Comitê de Bacias Hídricas de Itajaí, professora Beate Frank.

O mediador do painel foi o deputado Pedro Uczai (PT), que reuniu as ideias e temas debatidos durante o evento na Carta de Florianópolis, documento que será entregue aos órgãos responsáveis pelo meio ambiente. “Nosso objetivo maior é mudar a matriz energética, baseada na energia hidrelétrica, para uma que utilize energias renováveis”, observou.

Entre os pontos comentados no painel estava o histórico da política ambiental e energética de Santa Catarina. Segundo a professora Beate Frank, no estado existe apenas um órgão responsável pelos recursos hídricos catarinenses, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH). “Não temos um órgão gestor e nem uma agência de bacia. O CERH é frágil e pouco atuante. É uma pena, mas Santa Catarina está engatinhando em termos de desenvolvimento sustentável”, ressaltou. “Como reafirmar nossa preocupação com a sustentabilidade da vida, se a vida que nos mantém não é a fonte que nos preocupa? Os defensores da energia hidrelétrica não defendem os recursos hídricos”, lamentou.

Já o professor Paulo Belli Filho abordou a importância do aproveitamento do gás metano (CH4), principal elemento do biogás. Fonte de energia renovável, esse biogás também pode ser produzido através do processo anaeróbio. “Em Santa Catarina produzimos um total de 2.918.107 m³CH4/dia. Isso demonstra um potencial significativo para o aproveitamento energético. Precisamos tratar o gás e valorizar esse potencial com tecnologias sociais”, concluiu.

Mauro Passos criticou o Código Ambiental de Santa Catarina. “Qualquer regra restritiva para o meio ambiente é desastrosa para a humanidade. Estamos perdendo a luta pelo bem do meio ambiente catarinense”, explanou. Passos acrescentou que a legislação referente ao tema no estado deveria incluir energias renováveis. “Temos a UFSC que é um exemplo de excelência na área de energia solar. Uma parceria entre ela e a Eletrosul resultou na primeira mini-usina solar, instalada no estacionamento da Eletrosul. Tem que haver uma legislação que beneficie isso: mini-usinas por todo o estado”, explicou. (Evelise Nunes/Divulgação Alesc)

Sustentar 2009 abre espaço para a difusão de novos padrões de consumo





























O padrão de consumo da sociedade atual, os impactos ambientais do consumo, iniciativas governamentais e os papéis do governo, empresas e consumidor foram o foco da oitava conferência do Sustentar 2009. O debate aconteceu no início da tarde desta sexta-feira (29) e mostrou novas formas de reaproveitar matérias e recursos naturais no nosso dia-a-dia.
A senadora Ideli Salvatti (PT) prestigiou o evento e falou sobre as intenções do governo federal para a Copa do Mundo de 2014. Conforme ela, a Copa será o instrumento de divulgação do governo para disseminar a utilização de energias renováveis em grandes eventos. “Este é o evento esportivo de maior cobertura midiática do mundo e queremos aproveitar esta divulgação para mostrar uma Copa de energias renováveis, como a energia solar. Lanço um desafio: que vocês apresentem projetos desta área para a Copa de 2014”, disparou.

Desenvolver ações para solucionar os problemas urbanos antes que tomem grandes proporções é a meta do programa “Fomento ao Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis”, da Caixa Econômica Federal (CEF). A partir do mês de junho, a CEF lança o “Selo para construções sustentáveis da Caixa”, que será aplicado em casa para pessoas com baixa renda que utilizarem materiais que não tragam prejuízo ao meio ambiente. O programa “Minha Casa, Minha Vida” é um dos financiamentos do banco que adota este conceito, que incentiva a sustentabilidade na construção e a eficiência energética, conforme explicou o representante do órgão, Carlos Etor Averbeck.

Ele relatou que os projetos das casas contam com o reaproveitamento da água para a geração de energia e com aquecimento solar. “Trabalhamos firme na educação ambiental, disponibilizamos, obrigatoriamente, medidores individuais de água e gás, para que as pessoas paguem somente o que consumirem, e com o rastreamento da madeira pelo Ibama, para cortar na ponta, o consumo de madeira retirada ilegalmente da Amazônia”, relatou.

O presidente da ONG Iniciativa verde, Francisco Maciel, explicou o programa “Carbon Free”, que trabalha com redução, reutilização, reciclagem e compensação de emissões. “A única forma de sequestro do carbono da atmosfera é com a implantação e monitoramento dos restauros. Não adianta fazer um reflorestamento a cada 10 anos. A natureza precisa que os restauros fiquem cerca de 40 anos para cumprir esta finalidade”, explicou.

Lixo
A produção de energia através do lixo foi o objeto da palestra do representante da empresa holandesa Vital Planet, Rafael Geracts. A empresa atua em mais de 20 países europeus na gestão e transformação de resíduos urbanos. Na Holanda, mais de 3 milhões de residências utilizam energia vinda do lixo. Isto significa que, de cada três usuários, um utiliza energia advinda do lixo.

“Este tipo de energia reduz o efeito adverso sobre a higiene, contaminação do solo e da água, o desperdício de materiais, a emissão dos gases do efeito estufa com, no mínimo, 74 milhões de toneladas equivalentes de CO2”. Por fim, acrescentou que, se este modelo fosse adotado no Brasil, em cidades com 1 milhão de habitantes, que produzem cerca 1 mil toneladas de lixo por dia, geraria 30 MW de energia, com um custo de R$ 375 milhões para a sua instalação, os mesmos índices de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), com menos impacto ambiental e traria divisas de R$ 10 milhões em créditos de carbono.

O representante do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ipec), André Soares, relatou como as 25 pessoas que moram no Ecocentro, localizado em Pirinópolis (GO), vivem. A forma da produção das casas, a interação com o meio ambiente e a mudança nos paradigmas de consumo diferencia a comunidade do resto da sociedade.

Soares contou que o lixo produzido na fazenda é totalmente reciclado, as casas são produzidas com material retirado da própria fazenda, a água utilizada é captada das chuvas e aquecida com aquecedores solares e um biodigestor a gás. Entre os projetos desenvolvidos pelo grupo está o programa “Habitats”, que vai até as escolas e propõe transformações junto aos alunos. “A maioria dos habitats é feita em dois ou três dias e aproximam a escola da natureza”, explicou.
Em Itapema, litoral Norte catarinense, alguns alunos junto com a professora de ciências, Patrícia, decidiram diminuir o consumo de papel, após observarem o desperdício que estava ocorrendo. O projeto consiste na coleta de todos os papéis jogados nos lixos de manhã, durante toda a semana.

O resultado foi a retirada de cinco sacos de lixo repletos de papel, sendo que apenas 50% deles não tinham condições de serem reutilizados. “O resultado foi tão impactante que os alunos decidiram criar o “Programa Escola 100% Ambiente”, que consiste na utilização responsável de água, resíduos, energia e na implantação de uma horta, além da reciclagem do papel”, contou orgulhosa. (Denise Arruda Bortolon, com colaboração de Carlos Kilian /Divulgação Alesc)

Produção de alimentos e energia de biomassa geram discussões





































A utilização de alimentos para a produção de biocombustíveis e as alternativas enérgicas em biomassa foram o destaque do último dia do Sustentar 2009, que começou na quarta-feira (27) com o objetivo de estreitar as discussões sobre a relação entre energia renovável, produção de alimentos, mudanças climáticas e futuro do planeta. Mais de 600 pessoas se inscreveram para participar do evento, atingindo as expectativas dos organizadores.

O primeiro painel, apresentado pelo representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação no Brasil (ONU-FAO), José Tubino, tratou do consumo de alimento e energia no mundo. Segundo o palestrante, a sua apresentação foi baseada em pesquisas realizadas pela ONU que apontam que a atual crise econômica e financeira afeta a segurança alimentar. “A alta do preço dos alimentos resultou no aumento da fome mundial desde 2007. O mundo deveria ficar atento às novas ameaças à segurança alimentar e aos desafios da agricultura de longo prazo, e não somente à crise”, disse.

Tubino afirmou que, segundo a ONU, em 2007 havia cerca de 923 milhões de pessoas passando fome do mundo. Em 2009, o número pode chegar a um bilhão. Desta forma, ele defende o uso racional de alimentos para a utilização de biocombustíveis, uma vez que milhões de pessoas no mundo estão morrendo de fome. “Cinquenta por cento da cana-de-açúcar no Brasil são utilizados para a produção de etanol. Sou a favor dos biocombustíveis, mas não podemos esquecer o fator humano. Há pessoas passando fome. Para tentar resolver esta questão é preciso adotar uma abordagem recíproca com redes de segurança e investimentos na agricultura”, sugeriu.

Alternativas
Na segunda parte do evento foram apresentadas algumas alternativas energéticas em biomassa. O primeiro painel foi ministrado por Nelso Pasqual, que falou sobre a Granja São Roque, de Videira. A granja, que começou com 19 mil suínos, em 2003, e agora tem um plantel de 47 mil suínos, produz energia com biodigestores para abastecer o local. “A sociedade não aceita mais a poluição e cobra dos produtores mais ações. É uma pena que isso tenha chegado tão tarde”, falou.
De acordo com Pasqual, a propriedade foi reestruturada de forma sustentável para gerar energia elétrica e produzir adubo orgânico. “Nós conseguimos trabalhar a produção de biocombustível e a natureza de uma forma conjunta. Sem deixar nenhum desses pontos para trás. Todos estão crescendo de forma correta.”

Outro exemplo de alternativa energética foi apresentado por Marcelo Teles, representante da Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil (Cooperbio). “Um das principais questões a ser discutida é a competição entre produção de energia e produção de alimento. Porém, é possível organizar sistemas produtivos que, por exemplo, conciliem ambas as produções a partir de oleaginosas em sistemas agroflorestais”, falou.

A Cooperbio propõe a implantação de sistemas camponeses de produção integrada de alimento e energia, tendo como base a soberania alimentar que é o cultivo de alimentos saudáveis através de sistemas diversificados de produção, e a soberania energética, que é a produção de energia como um subproduto da produção de alimentos e tem como objetivo central a autonomia energética das comunidades camponesas. (Graziela May Pereira/Divulgação Alesc)

“Inevitável Mundo Novo” é lançado na Assembleia Legislativa














































O deputado Pedro Uczai (PT) lançou na noite de ontem (28), em noite de autógrafos, o seu sexto livro – “Inevitável Mundo Novo – A relação entre energias renováveis, produção de alimentos e o futuro do planeta”. O evento ocorreu no Espaço Cultural Jerônimo Coelho, da Assembleia Legislativa, e reuniu aproximadamente 200 convidados e participantes dos debates do “Sustentar 2009 - Fórum sobre energias renováveis e consumo responsável”, idealizado pelo parlamentar petista.

O deputado Reno Caramori (PP), presente ao lançamento, cumprimentou o colega pela iniciativa e também ao presidente da Cooperativa Aurora, Mário Lanznaster, por ter patrocinado a impressão da obra. “Não só o livro Inevitável Mundo Novo, como também o Sustentar, mostram que o nosso Brasil é viável e que pode contribui muito para a qualidade da vida no planeta.”
Lanznaster fez uma breve abordagem sobre o livro, sempre relacionando com suas decisões pessoais e de líder de um dos maiores sistemas cooperativos brasileiros. “Há 29 anos eu construí a casa em que moro até hoje e já naquele tempo tive a preocupação de instalar um sistema de aquecimento solar. Era caríssimo na época, mas já se pagou inúmeras vezes ao longo desse período, tamanha a economia que proporciona. Para o meu bolso e para o planeta”, apontou.

O presidente da Aurora destacou que a disponibilidade de combustíveis fósseis gerou uma espécie de acomodação na humanidade que não mais se dedicou a buscar fontes energéticas menos agressivas ao ambiente. “Os efeitos cumulativos desse comportamento estão aí, poluindo a atmosfera, destruindo os sistemas hídricos e colocando a sobrevivência da humanidade em risco.” Impressionado com a tecnologia de Parafuso de Arquimedes, trazida da Alemanha e que acabara de ser apresentada em uma palestra, Lanznaster demonstrou o desejo de ver sua aplicação na região Oeste, entre os cooperativados, consorciando produção de peixes e de energia. “Este é um dos temas do livro Inevitável Mundo Novo, que traz várias outras ideias que podemos aplicar. Por isso cada presidente de cooperativa associada à Aurora e cada membro do nosso conselho receberá um exemplar”, anunciou.

Em seu discurso, Uczai disse que a motivação para buscar na Aurora a parceria para a produção do livro foi justamente por conhecer a sensibilidade da empresa e de seus dirigentes para questões ambientais e sociais. Ele falou de sua alegria pelo sucesso do Sustentar que, nesta segunda edição, teve 600 inscritos. “Em 2008 o Sustentar foi o maior evento realizado pelo Parlamento catarinense e acreditamos que em 2009 não será diferente.”

O deputado explicou que a publicação de um livro que resumisse o que foi debatido no primeiro Sustentar foi a forma encontrada para “socializar a extraordinária experiência, dos diferentes olhares”. Ele conclamou os presentes a mudarem seus hábitos, afirmando que a ausência de bons hábitos alimentares e de atividades físicas reflete o padrão de consumo da sociedade moderna. “Leiam este livro. Porque ler e escrever são atos de liberdade, exercícios que nos mantêm de pé. E reajam à destruição do planeta, começando por vocês mesmos, por seus próprios hábitos.” Ao final dos discursos, todos os presentes receberam, gratuitamente, um exemplar da publicação. (Andréa Leonora/Divulgação Alesc)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sustentar 2009 apresenta alternativas de produção de energia elétrica com menor impacto ambiental
















A criação de mecanismos para atender as necessidades energéticas com o menor impacto ao meio ambiente foi o foco da última conferência do Sustentar 2009 desta quinta-feira (28). Entre as alternativas apresentadas para a produção de energia elétrica menos agressiva estão as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), o parafuso de Arquimedes e a escada de “meandros”. As duas últimas são tecnologias trazidas da Alemanha e ainda são pouco difundidas em Santa Catarina.
Uma experiência de cooperativa na eletrificação rural foi apresentada como sugestão de melhoria na distribuição e com menor custo. Sérgio Miotto faz parte da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai (Creral), que opera em Erechim (RS) com duas mini-usinas elétricas locais com capacidade para produzir 5,5 GWh/por ano, o que equivale a 25% da demanda total.
Os cerca de 6,3 mil associados são abastecidos com a produção e o restante da energia é comprada de outras PCHs. “Optamos por este tipo de fornecimento porque a energia é de melhor qualidade, aumentou a carga disponível e a sobra de recursos na cooperativa pode ser investida na troca de postes, de transformadores, cabos e na agilidade nos chamados, além de novos projetos”, explicou.
Miotto contou que a implantação das mini-centrais custou aproximadamente R$ 3,6 milhões. Os recursos puderam ser financiados por bancos públicos e privados e estão sendo quitados com a venda da energia e créditos de carbono. As mini-centrais trouxeram a redução da emissão de CO 2, acarretando em um lucro de 17 mil euros para a cooperativa em 2008 só em créditos de carbono. “Recebemos o prêmio Ashden 2008, na Inglaterra, principal prêmio mundial para a energia verde”, comentou.
Além da produção de energia elétrica, a cooperativa desenvolve outros projetos no segmento, como a micro-destilaria de álcool. Em seu terceiro ano, serve para o auto-consumo da cooperativa e ainda abastece os veículos das 17 famílias que fazem parte do projeto, em processo consorciado com a produção de alimentos como leite, carne e adubo orgânico. “Temos intenção de construir um centro comunitário e uma agroindústria para a produção de sucos, compotas e doces derivados da cana junto com frutas da época”.

PCHs
Filipi Koefender apresentou o projeto da Desenvix, empresa que está no mercado há cinco anos, é investidora de energias sustentáveis e construiu a PCH Santa Laura, localizada entre os municípios de Faxinal dos Guedes e Ouro Verde, região Oeste catarinense. Com uma potência de 15 MW e uma área de reservatório de 300 hectares, o suficiente para abastecer uma cidade com 50 mil habitantes, a Santa Laura teve seu licenciamento ambiental conduzido pela Fatma e ganhou um prêmio da instituição pelos projetos desenvolvidos na área de preservação e recuperação ambiental.
Para implementar o projeto, a Desenvix desenvolveu 18 programas, durante a construção da PCH, para diminuir os impactos sociais e ambientais, consolidar a faixa de preservação permanente com reflorestamento, programa de recuperação de áreas degradadas e proteção da mata ciliar, bem como o monitoramento da água do Rio Chapecozinho.

A Santa Laura optou pela contratação de empresas catarinenses para o empreendimento: as obras de escavação ficaram a cargo da Comax, de Xanxerê, os geradores são da Weg, de Jaraguá do Sul, e as turbinas hidráulicas são fabricadas pela Hisa, de Joaçaba. “Além de produzir energia também queremos fomentar o mercado de produção do material desenvolvido no estado em que a PCH será instalada”, declarou.

Parafuso de Arquimedes
Rainer Meier, representante da empresa Atro, veio da Alemanha exclusivamente para apresentar a tecnologia conhecida como Parafuso de Arquimedes. Como não fala português, a palestra teve de ser ministrada pelo seu conterrâneo, Ulrich Werder, que agraciou o público com sua simpatia e improvisação em um Português carregado de sotaque.

O parafuso de Arquimedes é um dispositivo da construção técnica para gerar energia elétrica oxigenando a água e permitindo que o rio consiga manter o seu processo natural, preservando os peixes. De acordo com a apresentação, o parafuso reproduz a passagem dos peixes por um rio de baixa correnteza, se instalado junto a uma PCH. “Com estes parafusos, os peixes não correrão riscos para fazer a subida das águas tracionadas pelos próprios parafusos, garantindo sua reprodução. Além disso, as graxas e lubrificantes utilizados são biodegradáveis. Portanto, o impacto ambiental é mínimo”, explicou.

Escada de “meandros”
Com a construção de uma barragem, o ciclo reprodutivo de diversas espécies de peixes fica prejudicado, já que eles nadam rio acima para fazer a desova. Para minimizar o problema, a solução apresentada por Ulrich é a construção de escadas sequênciais de tanques que formam uma corrente artificial capaz de estimular a subida dos cardumes.
De acordo com o palestrante, a usina de Itaipu já utiliza este método em quatro quilômetros do rio Paraná, produzindo faixas de água que orientam os peixes a fazer a subida. “Com a escada, o peixe sente a pressão exercida pelos parafusos, procura outra parte do rio para ir contra a correnteza e não fica desorientado”, confirmou o alemão. (Denise Arruda Bortolon/Divulgação Alesc)